O lúdico no universo autista
Lilian Queiroz Daguano 1
Renata Andrea Fernandes Fantacini 2
Resumo:
O presente artigo tem como intenção
ressaltar a importância da educação lúdica como forma de estimulação ao
desenvolvimento de crianças autistas, ou seja, por meio do uso de jogos,
brinquedos e brincadeiras pode-se contribuir para que as crianças com autismo
se desenvolvam e se socializem com outras pessoas. Por intermédio da pesquisa bibliográfica
realizada observa-se que o Autismo pode ser considerado um transtorno global do
desenvolvimento (TGD) que compromete o desenvolvimento da criança, sobretudo
interferindo no desenvolvimento áreas da comunicação, da imaginação e da sociabilização;
mesmo com os mais recentes estudos em relação ao autismo, é correto afirmar que
ainda não há cura, o que existe são tratamentos e terapias que minimizam as
dificuldades, proporcionando um bom desenvolvimento e uma melhor qualidade de vida,
como por exemplo, através das atividades lúdicas que propiciam a essas crianças
um agir espontâneo e faz com que percebam suas habilidades e consigam
desenvolver muitas outras.
Palavras-chave: Autismo. Lúdico. Desenvolvimento. Habilidades.
1. INTRODUÇÃO
Atualmente é possível encontrar várias
instituições de ensino que ainda não estão organizadas para incluir crianças
que possuam algum tipo de deficiência. É comum ouvirmos que as escolas buscam
cada vez mais inserir em suas salas de aulas crianças com deficiências,
síndromes etc.
Mas será que essa inclusão pode ocorrer
também com crianças autistas?
O presente artigo tem como justificativa
apontar que com uma educação adequada aliada a educação lúdica contribui para o
desenvolvimento de crianças autistas. É por meio do lúdico que o educador ensina
e desenvolve de forma prazerosa aspectos mentais, físicos e sócioemocionais da
criança.
Este artigo tem como objetivo destacar
que o brincar é fundamental para a criança se desenvolver mentalmente e
fisicamente, mesmo que tenha algum tipo de necessidade especial. Através dos
jogos, brinquedos e brincadeiras podemos estimular a imaginação, a autoestima e
a cooperação entre as crianças, permitindo, assim, que a criança interaja e
estabeleça relações sociais com as outras crianças.
A metodologia utilizada para a
realização deste artigo foi a pesquisa bibliográfica, por meio de pesquisa em
livros impressos, artigos disponíveis em sites confiáveis de domínio público,
revistas etc. Dessa forma, encontrasse fundamentada teoricamente a partir das
contribuições de autores como: Gauderer (1993 - 1997), Santos (2008) e Cunha
(2007).
3. DESENVOLVIMENTO
3.1 Autismo
O termo Autismo foi criado em 1911, pelo
psiquiatra Paul Eugen Bleuler, para indicar um sintoma da esquizofrenia, só que
em uma área dirigida para o retraimento do indivíduo. Porém, esse transtorno
foi descrito pela primeira vez, em 1943, pelo médico Leo Kanner, através de seu
estudo sobre “[...] um grupo de crianças gravemente lesadas que tinham certas
características comuns. A mais notável era a incapacidade de se relacionar com
pessoas” (GAUDERER, 1993, p. 09). Desde então muitos estudos foram
desenvolvidos com o objetivo de buscar informações variadas sobre esse
distúrbio do desenvolvimento humano.
Os autistas são crianças que apresentam
atrasos na linguagem ou ausência no desenvolvimento da fala, o que às vezes
dificulta a manutenção de um diálogo. Os autistas poderão apresentar ecolalia
que é a repetição do que alguém acabou de dizer, incluindo palavras, expressões
ou diálogos (FONSECA, 2009, p.16).
Apesar dos inúmeros trabalhos e
pesquisas realizados nessa área, ainda não se sabe ao certo as causas do
autismo, sendo quatro vezes mais comum ocorrer entre meninos do que em meninas.
A médica psiquiatra Lorna Wing (apud GAUDERER,
1993, p. 133), por meio de estudos sobre a Síndrome Autista, percebeu-se
características comuns em três áreas do desenvolvimento desses indivíduos: a
comunicação, a sociabilização e a imaginação.
Nos desvios qualitativos da comunicação
nota-se a presença da dificuldade na comunicação seja ela verbal e não verbal,
ou seja, ausência de gestos, expressões faciais e linguagem corporal, sendo
muito comum, em crianças com autismo, a presença da Ecolalia, onde ocorre a
repetição de frases e palavras ouvidas anteriormente. Já nos desvios
qualitativos na sociabilização é possível desencadear falsos diagnósticos, pois
a criança com autismo muitas vezes chegam a manifestar algum tipo de afeto,
abraçando, beijando as pessoas, mas faz isso não diferenciando quem são elas,
sendo considerados como apenas gestos repetitivos.
Quanto aos desvios qualitativos na
imaginação, as crianças com autismo apresentam dificuldades em aceitar mudanças
e um brincar sem uso da criatividade, como por exemplo, ficar um grande tempo
analisando a textura de um brinquedo.
De acordo com Aragão (2005) certas
características podem representar algum problema no desenvolvimento de
crianças, como por exemplo:
• Ausência de balbucio aos 12 meses;
• Ausência de gesto de tipo apontar ou
tchau com a mão aos 12 meses;
• Ausência de palavra aos 16 meses;
• Ausência de comunicação de duas
palavras aos 24 meses;
Qualquer perda de competência (de
linguagem ou social) em qualquer idade.
Devido às características variadas e
causas desconhecidas, o Autismo ainda não tem cura, por isso o tratamento pode
ser diversificado de caso para caso.
A melhor abordagem é a flexibilidade e o
ecleticismo, uma adaptação de métodos diversos a fases e problemas diferentes.
Os pais e as crianças se beneficiam, acima de tudo, de um plano a longo prazo
com uma orientação clara e específica, que também leve em consideração mudanças
evolutivas e regressões espontâneas. Estas oscilações devem ser reconhecidas
para não serem confundidas com progressos ou falhas de um plano terapêutico. É
importante, sobretudo que o plano seja realista. (GAUDERER, 1993, p. 44).
3.2 A importância do lúdico
Segundo a Declaração elaborada pela
Associação Internacional pelo Direito da Criança Brincar – IPA, revisada em
Barcelona em setembro de 1989, o brincar é de extrema importância para que
qualquer criança tenha bons desempenhos na saúde física e mental.
Na idade pré-escolar um jardim de
infância ou creche, pelo menos algumas horas por semana, pode ser de grande
ajuda para as crianças e seus pais. Nesse estágio, a criança autista pode se
integrar com outras crianças deficientes ou com crianças normais contanto que a
enfermeira ou professora esteja disposta a lidar com seus comportamentos inapropriados.
Pode levar algum tempo até que a criança se acomode ao grupo, mas a experiência
será bastante válida e útil para
ela, quando tiver que ser transferida de
escola. (WING apud GAUDERER, 1993, p. 133-134).
Na Declaração Universal dos Direitos da
Criança, assim como, no Estatuto da Criança e do Adolescente, consta que toda
criança, seja ela deficiente física/mentalmente ou não, tem direito à educação
gratuita, recebendo um ensino especializado quando necessário. De acordo com Rizzo
(1996) a educação é fundamental para o ser humano até os seis ou oito anos de
idade, pois é nessa fase que a personalidade da criança é formada, ou seja, que
é desenvolvido seu próprio comportamento, com características de cada pessoa.
[...] os indivíduos deficientes
percebem, aprendem, pensam e se adaptam de modo fundamentalmente idêntico ao
dos demais. Assim sendo, todos nós percebemos, pensamos, aprendemos e nos
adaptamos, tanto pessoal como socialmente, de acordo com os mesmos
princípios e padrões gerais, haja ou não
qualquer deficiência física, mental ou sócio-emocional. Todavia, alguns fazem
isto de maneira eficiente e rápida, enquanto outros o fazem mais lenta e menos
eficiente. (RAPPAPORT, 1986, p. 05).
A palavra Lúdico,
conforme definido no Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, está
relacionada às atividades, jogos, brincadeiras que proporcionam momentos
divertidos para as pessoas. Muitos estudos, projetos, livros foram elaborados,
e assim, comprovou-se que as atividades lúdicas devem estar presentes na
educação da criança porque facilitam na criação de ideias, de pensamentos.
Através das atividades lúdicas a criança
assimila valores, adquire comportamentos, desenvolve diversas áreas de
conhecimento, exercita-se fisicamente e aprimora habilidades motoras. No
convívio com outras crianças aprende a dar e receber ordens, a esperar sua vez
de brincar, a emprestar e tomar como empréstimo o seu brinquedo, a compartilhar
momentos bons e ruins, a fazer amigos, a ter tolerância e respeito, enfim, a
criança desenvolve a sociabilidade. (SANTOS, 2008, p. 56).
O lúdico quando presente no processo
educacional da criança contribui, de maneira prazerosa e mais eficaz, para o
desenvolvimento e aperfeiçoamento de habilidades motoras e do conhecimento da
pessoa. As brincadeiras, jogos e brinquedos quando presentes no cotidiano da criança
faz com que a aprendizagem seja mais descontraída e eficiente, contribuindo
para desenvolvimento e aperfeiçoamento de habilidades físicas, intelectuais e
morais do indivíduo. Cunha (2007) ressalta que é no brincar que a criança
conhece e coloca em prática seus pontos positivos, além de aprender a
considerar as diferenças que existem de uma pessoa para outra.
Os brinquedos são parceiros silenciosos
que desafiam a criança possibilitando descobertas e estimulando a
autoexpressão. É preciso haver tempo para eles, e espaço que assegure o sossego
suficiente para que a criança brinque e solte a sua imaginação, inventando, sem
medo de desgostar alguém ou de ser punida. Onde possa brincar com seriedade. (CUNHA,
2007, p. 12).
Estudos de uma maneira geral apontam que
a ludicidade deve estar presente na vida de qualquer pessoa. Ela não deve ser
considerada apenas uma forma de divertimento, pois proporciona ao indivíduo uma
facilidade maior em aprender, assim como, a construção do conhecimento e o desenvolvimento
na comunicação.
Por meio da brincadeira a criança
envolve-se no jogo e sente a necessidade de partilhar com o outro. Ainda que em
postura de adversário, a parceria é um estabelecimento de relação. Esta relação
expõe as potencialidades dos participantes, afeta as emoções e põe à prova as
aptidões
testando limites. Brincando e jogando a
criança terá oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis a sua
futura atuação profissional, tais como atenção, afetividade, o hábito de
permanecer concentrado e outras habilidades perceptuais psicomotoras. Brincando
a criança torna-se operativa. (ALMEIDA, 2011).
É através da brincadeira que a criança
irá perceber as habilidades que possui e desenvolverá outras, procurando também
interagir com outras crianças. Para isso o brincar deve ser livre, natural, sem
regras, pois é dessa forma que a criança irá perceber suas emoções, conhecer
seus desejos e criar sua própria realidade. Nas brincadeiras as crianças interagem
entre si de maneira espontânea, tornando possível vivenciar novas experiências,
reconhecendo erros e acertos próprios, planejando novas atitudes a serem tomadas.
É também na atividade lúdica que pode
conviver com os diferentes sentimentos que fazem parte de sua realidade
interior. Na brincadeira a criança aprende a se conhecer melhor e a aceitar a
existência do outro; organizando, assim, suas relações emocionais e
estabelecendo relações sociais. (ADAMUZ; BATISTA; ZAMBERLAN, apud: SANTOS, 2000,
p. 158).
O brincar e o brinquedo, de uma maneira
geral, proporciona à criança a estimulação da imaginação, fazendo com que seus
pensamentos, seus desejos possam ser realizados. O lúdico quando inserido na
educação das crianças criam condições favoráveis para a construção do
conhecimento. Segundo Almeida (1999) a educação lúdica leva o professor a
transformar as circunstâncias que seus alunos estão inseridos, pois a
ludicidade restitui a esse profissional a função de mediador no crescimento do
educando, e assim estimula o interesse das crianças pelo conhecimento. A
criança desde cedo apresenta um desejo próprio de brincar. Nesse brincar, a criança
emite emoções variadas, entra em contato consigo mesma, explora o ambiente ao
seu redor, criando uma relação do seu mundo interior com o exterior.
Com a ajuda do brinquedo, a criança pode
desenvolver a imaginação, a confiança, a auto-estima e a cooperação. O modo
como a criança brinca revela seu mundo interior. O brinquedo contribui assim,
para a unificação e a integração da personalidade e permite à criança entrar em
contato com outras crianças. (ADAMUZ; BATISTA; ZAMBERLAN, apud: SANTOS, 2000,
p. 159).
Tendo em vista a presença constante do
lúdico na vida das pessoas, foram desenvolvidos espaços destinados para a
realização de atividades lúdicas. De acordo com a Associação Brasileira de
Brinquedotecas (ABBri) em 1963, na Suécia, os espaços criados tinham o objetivo
de emprestar brinquedos e orientar o brincar entre as crianças com necessidades
especiais e sua família. No Brasil, esses espaços foram desenvolvidos no século
20 e chamados de Brinquedotecas; além do empréstimo de brinquedos, serviam
também como espaços destinados ao estímulo de crianças com algum tipo de
necessidade educativa especial. A
Brinquedoteca busca resgatar a essência do ser humano pela via da emoção. Razão
e emoção são as características principais do ser humano, pois é um ser
racional e emocional na mesma medida. Porém, estes dois elementos, no decorrer
da história, não tiveram a mesma relevância. As descobertas científicas e
tecnológicas deram ao homem grande prestígio e, por isso, a racionalidade é que
foi proclamada como a especificidade da dimensão humana em detrimento da emotividade.
(SANTOS, 2000, p. 60).
Cunha (2007, p. 13) ressalta ainda que a
Brinquedoteca “[...] é um espaço onde as crianças (e os adultos) brincam
livremente, com todo o estímulo à manifestação de suas potencialidades e
necessidades lúdicas”.
Hoje existem Brinquedotecas
especializadas em determinadas áreas, como Hospitalar, Circulante, Terapêutica.
As Brinquedotecas Terapêuticas costumam atender crianças com deficiência e
crianças com dificuldades escolares. Segundo Cunha (2007, p. 98) “Brinquedotecas
terapêuticas são aquelas onde se procura aproveitar as oportunidades oferecidas
pelas atividades lúdicas para ajudar as crianças a superar dificuldades
específicas”. A Brinquedoteca terapêutica oferece além do empréstimo de brinquedos
para as crianças levarem para casa, incentivando o brincar e beneficiando o
desenvolvimento, assim como, a orientação para os pais, das crianças com
necessidades educacionais especiais, de como brincar com seus filhos e
ajuda-los em seu desenvolvimento. O
empréstimo de brinquedos adequados (de preferência aqueles que a criança
escolheu e com os quais já brincou) irá assegurar a continuidade do trabalho em
casa. Se o atendimento for individualizado, os pais poderão estar presentes
apenas para observar como os terapeutas interagem. O apoio e a orientação aos
pais é fundamental nestes casos, pois eles ficam a maior parte do tempo com a
criança e irão dar continuidade ao processo de estimulação em casa. (CUNHA,
2007, p. 99).
Nessas Brinquedotecas disponibilizam de
apoio psicológico, podendo beneficiar a interação e a produtividade das
crianças com necessidades especiais, até mesmo influenciando na melhora do um
relacionamento com seus familiares.
Freqüentemente, a preocupação com o
tratamento da criança faz desaparecer a alegria e a ludicidade no
relacionamento. Quando isto acontece, é preciso resgatar os aspectos lúdicos
para que a família tenha condições para brincar com a criança portadora de
necessidades especiais. Jogar jogos bem divertidos com os companheiros do grupo
de pais pode ser uma maneira de descontrair e aliviar tensões. (CUNHA, 2007, p.
100).
3.3 Autismo e tratamento
Apesar de não haver cura para o autismo,
existem diversos tratamentos como os psicoterapêuticos, os fonoaudiólogos,
fisioterápicos, temos a equoterapia, a musicoterapia, a Holding Terapy (Terapia
do Abraço) e alguns outros que auxiliam positivamente o desenvolvimento de
habilidades e diminuem dificuldades.
Cada vez mais casos de sucesso são
relatados onde a educação é um meio de extrema importância para um crescimento
intelectual e social das crianças autistas.
Na maioria dos métodos de educação
especializados para a criança autista, inicia-se por um processo de avaliação
para poder selecionar os objetivos estabelecidos por área de aprendizado. A
forma de levar a criança aos objetivos propostos varia conforme o método
adotado, mas na grande maioria dos métodos a seleção de um sistema de
comunicação que seja realmente compreensível para a criança tem tanta
importância quanto as estratégias educacionais adotadas. (MELLO, 2011, p. 40).
Vale destacar também que existe um
método de ensino que apresenta resultados significativos no desenvolvimento de
crianças autistas é o Método Montessori. Ele foi desenvolvido pela educadora
italiana Maria Montessori e adotado em nosso país por meio do movimento Escolas
Novas (na década de 1920). Esse método tem como objetivo estimular as atividades
motoras, sensoriais e intelectuais, em um ambiente próprio, com a observação de
um professor qualificado intervindo quando necessário e propondo melhorias,
mudanças.
O professor não é o ser que focaliza a
concentração do aprendiz, e sim aquele que examina atentamente o comportamento
e o desenvolvimento das crianças, estimulando-as a buscar o saber de forma criativa,
prazerosa e lúdica. Ou seja, o mestre apenas conduz o estudante nesta caminhada
em direção ao conhecimento, solucionando dúvidas e questionamentos. (SANTANA,
2011, p. 32).
O ambiente escolar é capaz de oferecer
oportunidades para que essas crianças tenham um avanço no seu desenvolvimento,
pois de acordo com Paulon; Freitas; Pinho (2005, p. 32) as doenças mentais “[...]
são passíveis de remissão” e a educação acaba “[...] preservando e reforçando os
laços sociais e as experiências de aprendizagem, desde a primeira infância, é
muito mais provável que estas crianças consigam desenvolver sua capacidade
intelectual”.
4. CONCLUSÃO
De acordo com a Resolução do Conselho
Nacional de Educação nº2 de 11 de setembro de 2001, artigo 2º, toda instituição
de ensino deve matricular qualquer aluno, cabendo à elas se organizar e assim,
oferecer uma educação de qualidade para todos, inclusive alunos com
necessidades educacionais especiais.
Mas, isso não é o que acontece nas
escolas em geral. É comum encontrar no ensino, professores, diretores e até
mesmo funcionários da educação despreparados, sem nenhum conhecimento ou
informação a respeito dos alunos com algum tipo de necessidade especial,
principalmente o Autista, onde o que se sabe sobre essa síndrome ainda é muito
limitado.
Algumas propostas político-educacionais
nos dão a impressão que as deficiências estão consolidadas nos indivíduos, ou
seja, eles não teriam capacidade de ler, escrever, se socializar, não
conseguindo se desenvolver e progredir. Dessa forma, faz com que a inclusão
desses alunos não aconteça nas instituições de ensino e seja valorizado apenas
um ensino especializado, individualizado e adaptado.
Para que isso não aconteça é de grande
importância que o professor tenha o conhecimento das especificidades dos alunos
com necessidade educacionais especiais, pois assim, o educador conseguirá saber
e entender as dificuldades de cada aluno com necessidades especiais e consequentemente
poderá buscar cada vez mais recursos, materiais e projetos que possam ajudar o
desenvolvimento desses alunos. O professor conhecendo as dificuldades desses
alunos pode também se aproximar dos familiares deles e buscar estabelecer
parcerias e interagir com eles, pois juntos poderão contribuir para o melhor
aprendizado dos alunos com necessidades educacionais especiais.
É necessário que as instituições de ensino
reorganizem práticas escolares, planejamento, currículo, avaliação, valorizando
a capacidade de cada criança garantindo assim os seus direitos de acesso a
educação de qualidade.
Está comprovado que as mais variadas
metodologias, projetos, terapias que abrangem o lúdico e existem no tratamento
de pessoas autistas é extremamente válido para o desenvolvimento dessas
pessoas, juntamente com o apoio, dedicação e amor dos pais, profissionais,
familiares que estão envolvidos no cotidiano delas.
As atividades lúdicas quando presentes
na vida das pessoas sejam elas crianças ou adultas, deficientes ou não,
incentiva, provoca e estimula a aprendizagem e o desenvolvimento do indivíduo
em qualquer fase da vida.
O brincar favorece aos seres humanos um
desenvolvimento com confianças em si mesmos e em suas capacidades, facilitando
nas interações sociais, garantindo um entendimento maior de comunicação,
sentimentos, pensamentos e diferenças existentes.
Portanto, o profissional que trabalha
ludicamente com pessoas com necessidades educacionais especiais, inclusive o
Autista, deve buscar constantemente, conhecer, entender e trabalhar com as
dificuldades encontradas no processo ensino aprendizagem dessas crianças, assim
como buscar atualizar suas práticas pedagógicas, visando acima de tudo oferecer
uma educação de qualidade, contribuindo assim para a melhoria do
desenvolvimento integral dessas pessoas.
A EDUCAÇÃO LÚDICA é uma ação inerente da
criança, adolescente, jovem e adulto. Está distante da concepção de um simples passatempo,
brincadeira ou diversão superficial. Educar ludicamente tem uma significação
importante e está presente em todos os segmentos da vida. [...] uma mãe que
acaricia e se entretém com a criança, um professor que se relaciona bem com
seus alunos, ou mesmo um cientista que prepara prazerosamente sua tese ou
teoria educa-se ludicamente, pois combina e integra a mobilização das relações
funcionais ao prazer de interiorizar o conhecimento [...]. (ALMEIDA, 1999, p.
11).
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ZEHDI, A. A. Brinque, jogue, cante e encante com a recreação: conteúdos de aplicação
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Jundiaí: Fontoura, 2006.
1 Acadêmica
do curso de Pedagogia do Centro Universitário Claretiano de Batatais (SP).
E-mail: <lilianqueirozdaguano@
hotmail.com>.
2 Mestranda
em Educação pelo Centro Universitário Moura Lacerda (CUML). Especialista em
Educação Especial pela Universidade de Franca (UNIFRAN). Especialista em
Docência no Ensino Superior nas Modalidades Presencial e EAD pelo Centro
Universitário Claretiano de Batatais (SP). Docente dos cursos de Graduação e
Pós-Graduação (Presencial e EAD) da mesma instituição. E-mail:
<refantacini@hotmail.com>.
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